O SONHO DO CARRO ROUBADO


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Não deixe de ler a página explicativa dos exemplos.

 

 

 

Ela tinha 23 anos quando procurou ajuda. Se sentia sozinha e não compreendida pelas outras pessoas. Na consulta tentava explicar suas dificuldades mas não encontrava palavras. Estava claro que ela era pouco desenvolvida na arte da comunicação. Com dificuldade conseguiu deixar claro que sonhava muito e que este fato foi decisivo para que ela procurasse a ajuda do autor.

Apesar de estar procurando ajuda, suas palavras revelavam uma pessoa pessimista quanto a possibilidade de sua vida melhorar. Este pessimismo a levava a criar "barreiras" e ver com desconfiança qualquer tentativa de ajuda. Este paradoxo foi resolvido pelo fato do trabalho se centrar nos sonhos. Estes eram vistos como fruto do seu interior, mas também como algo separado e diferente deste. No trabalho com os sonhos ela sentiu que encontrava a justa medida entre o que ela podia revelar e o distanciamento que procurava manter de tudo e de todos. O único fato que ela não esperava era que seus sonhos mostrassem tanto dela e que ela veria brotar do seu interior os ensinamentos e novas experiências que dariam início à uma vida mais positiva e de abertura ao mundo e às pessoas.

 

Sonho:

"Me vejo em frente a um posto de gasolina. Lá, um casal bem chique rouba um automóvel Gol branco. Após roubarem o carro, os ladrões estacionam o carro num estacionamento que fica ao lado do posto. A imagem muda e me vejo chegando no mesmo estacionamento dentro de um automóvel Brasília juntamente com minha mãe. Discuto com ela porque sei que o casal está esperando para roubar a Brasília também. Minha mãe não me dá ouvidos e estaciona o carro dentro do estacionamento. A Brasília é então roubada. Me vejo dentro de um ônibus destes de viagem, que tem cabine, banheiro, etc.... Lá dentro estão minha mãe, o casal, e eu. Há uma discussão, ameaça, e no meio desta discussão aparece um outro homem que dá um tiro no homem-ladrão. Este cai morto, e sai sangue, muito sangue".

 

 

Visualização:

[ A paciente relaxa. Peço para ela entrar em sintonia com o sonho. Ela deve se lembrar das imagens do sonho e aos poucos deixar que as imagens fluam em sua mente sem censurar ou querer dirigi-las.] "Começo me vendo em frente ao posto no momento do primeiro roubo. Vejo o casal. São pessoas bem chiques, bem vestidas. Eles me percebem também, é como se eles soubessem que já sei a história toda. Sinto receio e medo. É noite, os carros passam, os pedestres também, mas ninguém percebe nada. Sinto medo e vontade de ir embora. O casal rouba de novo o Gol....

[ A imagem se modifica ] Estou discutindo com minha mãe, uma vez que minha mãe quer parar o carro no estacionamento onde o Gol roubado foi guardado ( atrás do posto de gasolina ). Falo para minha mãe não estacionar o carro ali pois é perigoso e vão roubar o carro. Ela não me escuta e sem perceber o que está acontecendo pára o carro no estacionamento e começa a se distanciar. Na minha vida é sempre assim: minha mãe sempre faz as coisas sem me levar em conta. Me sinto mal, mas tenho que proteger o carro porque se o levarem é como se levassem uma parte minha. [ Ela localiza este sentimento no corpo ] é como se roubassem meu coração. [ Ela fica entre a mãe e o carro. É como se a dinâmica da mente congelasse: ela fica sem poder sair de onde estava e não podia ficar ali devido ao risco que corria. Fica um tempo nesta indecisão ] O casal está me olhando. Estão esperando eu sair para roubar o carro. Eles tem uma arma apontada para mim. Os dois estão dentro do carro roubado. Me sinto sem saída [ a tensão aumenta. Ela fica paralisada, igual ao que acontece em sua vida cotidiana. Não consegue prosseguir. A imagem não se transforma e a tensão fica muito grande. Nestes casos a melhor solução é a pessoa voltar sua atenção para o ambiente à sua volta, pois geralmente encontra um fato novo que ajuda no desenrolar da visualização. Eu solicito que ela faça isso.] Está escuro. As pessoas passam e não reparam no que está acontecendo. Estou em frente a grade do portão de um clube que dá fundos para o estacionamento e o casal está lá no estacionamento me olhando. Não sei o que fazer.... Poderia pedir socorro, mas isto eu não faço. [ Ela mantém um distanciamento muito grande das pessoas. Se elas passam sem reparar nada é sinal de que ela se fecha tanto que esconde o que acontece com ela. Ela passa uma outra imagem para as pessoas.] Ando de um lado para outro, mas volto sempre no mesmo lugar. O casal continua me observando e me ameaçando.

[ Ela volta a observar o ambiente. ] Minha mãe está no posto de gasolina e não percebe nada. Eu estou ao seu lado. Sinto-me impotente. Não consigo agir. O casal já está dentro da Brasília. Não posso contar nada para minha mãe se não ela vai até os ladrões para enfrentá-los. Ela pode morrer. [ A emoção que o roubo lhe desperta é maior, o que faz com que ela relate para sua mãe o que está acontecendo. ] Minha mãe não pensa duas vezes e vai até o carro enfrentar os ladrões. Fico vendo o que acontece chorando, sem conseguir fazer nada. Minha mãe começa a discutir com os ladrões. Sinto-me muito medrosa. Tenho medo de tudo [ e relata vários temores que está tendo em sua vida cotidiana ]. Com a arma no peito de minha mãe o casal vai empurrando-a até onde estou. Depois eles nos empurram até o ônibus. [ Fica desesperada ] sei que no ônibus vai ocorrer um assassinato e não posso fazer nada. [ Reparem como até agora ela decide tudo dentro de sua própria fantasia e expectativa. Como não se comunica pouca chance tem de aprender algo na situação. Comunico o fato a ela que percebe seu isolamento. Sua reação emocional é de ficar emburrada, se recusando a se abrir para com os outros. Depois de um tempo e com o aumento da tensão ela começa a questionar seu isolamento ]. Me lembro do assassinato... acho que a única saída é pedir ajuda para minha mãe. Não, não, eu não quero. [ Então porque você não tenta perguntar para o casal o que eles podem te ensinar? É uma tentativa para que ela retome o aspecto construtivo do sonho. Ela pergunta, fica alguns momentos calada, depois começa a rir. ] Eles querem me ensinar a ser gente. A noite começa a ficar clara. O homem abaixa a arma, o "clima" fica mais leve. [ Mas logo ela se fecha de novo e como que querendo investigá-los pergunta quem são eles. ] Fico brava, ele quer me enganar. Está falando que tem o mesmo nome do meu avô. [ Imediatamente e sem nenhuma base na visualização, identifica neste fato uma tentativa do homem de se fazer passar pelo seu avô. ] Não é ele, pois meu avô não tinha barba. Fico temerosa de que ele volte a me apontar a arma. Sinto que ele quer me prejudicar. O tempo está ficando escuro de novo. Minha mãe está conversando animadamente com a ladra. Está escuro de novo e agora estamos os quatro em frente a porta do ônibus. Os três querem que eu entre no ônibus. Se fosse algo bom eles entrariam primeiro. Porque querem que eu entre primeiro? [ Começa a desconfiar da mãe. Mostro que o céu escureceu novamente e que da outra vez que ela se abriu o céu clareou. Falo que este é um bom sinal do caminho que ela deveria seguir. ] Acho que o homem pode até não querer me ameaçar, mas que vai querer me enganar vai. [ Se fecha em suas elaborações internas de novo. ] Resolvo conversar com a mulher. Pergunto o que ela quer me ensinar. [ Ela começa a rir ] A mulher diz que eu pareço um bicho do mato. O céu começa a clarear de novo. Pergunto quem é ela. Ela me responde que é minha tia [ fica brava, mas não tanto emburrada ] Respondo que não é minha tia nada. Ela então me mostra meu pai e minha mãe conversando animadamente com o homem. Me sinto uma boba [ fala mostrando irritação com ela mesma de estar vendo as coisas sempre pelo polo negativo e alívio por não se sentir mais sob tensão] quero sair daqui, ir embora [ acabar com a visualização ].

Os quatro estão conversando. Consigo ver o interior do ônibus, tem uma sala e um banheiro.[ Repare como, ao se abrir para o mundo, ela começa a descobrir coisas boas. Ela revela o desejo de terminar a visualização. Não há nenhum sinal negativo para o fato, mas como ela está curiosa e feliz em perceber o ônibus de uma forma diferente proponho que ela passeie dentro dele. Isto serve para fortalecer este tipo de sentimento positivo. Ela passeia dentro do ônibus e com evidente prazer descobre como ele é por dentro. O sentimento negativo relacionado ao ônibus e às suas desconfianças desaparece ].

Me despeço, agradeço e acabou".

 

 

Avaliação:

Ela diz que se sentiu uma boba pois sua vida poderia ser bem melhor e ela poderia ser mais feliz se não fosse tanto bicho do mato. Esta imagem a marcou profundamente. Entende que julga muito negativamente as pessoas. Isto faz com que fique muito fechada, sozinha e sem ninguém para ajudá-la. Se mostra mais suscetível e com desejo de se abrir para o mundo e ver as coisas de forma menos persecutória. A conscientização deste desejo e a procura em realiza-lo é o compromisso ético assumido a partir da visualização.

 

Comentários:

Nesta visualização você encontra 3 tipos de anotações:

a) a da sonhadora.
b) as do autor entre [].
c) as que o autor anotou enquanto a paciente relatava a visualização e avaliação.

Este três tipos de anotações aconteceram porque, ao presenciar uma visualização, o autor sempre fica com lápis e papel à mão afim de tomar nota do que acontece. As vezes é realizado um interessante trabalho de comparação com as anotações dos pacientes. Neste caso, como em muitos outros, foi considerado mais apropriado compartilhar com a paciente as anotações do autor.

Esta visualização foi escolhida por deixar bastante claro que utilizamos nossas qualidades e defeitos da mesma forma durante a visualização e durante a vida normal.

A sonhadora teve dois erros fundamentais no uso da técnica:

1) não se deve nunca ficar perguntando sobre a vida dos personagens do sonho ( por exemplo, perguntar o nome ), o foco do trabalho é você.

2) Ela teve grande dificuldade em colocar à prova suas sensações na visualização. Se ela sente que todos querem lhe enganar, ela tem que agir em cima desta questão. Por exemplo, falando para as pessoas que elas querem lhe enganar, procurando avaliar melhor a situação para saber se esta sensação é real, virando as costas e indo embora, etc. A visualização é o espaço para agir.

Explicando de outra forma: a análise do sonho foi um sucesso, todo o sentimento de alegria e de abertura que a sonhadora teve na visualização ficou gravado na sua mente possibilitando criar uma forma diferente de ação no cotidiano. Mas não teria sido possível este sucesso sem uma ajuda mais experiente pois ela não cumpriria com uma regra básica da Alquimia Simbólica que é sempre agir. Este é um dos principais erros de quem está começando a trabalhar com os sonhos. Lembre-se que sempre existem vários sinais na visualização que você pode aproveitar para agir em cima.

Durante a visualização a sonhadora passou por uma experiência interior que possibilitou a formação de um novo padrão intelectual e afetivo que serviu para questionar sua forma de ser e seu comportamento cotidiano. Isto está claro na sua avaliação, quando ela compara o seu sentimento e sua vivência no final da visualização com a sua conduta durante a visualização e na vida cotidiana. Este novo padrão foi muito útil para ela iniciar um processo de profundas mudanças interiores.

No relato foi colocado algumas dicas que são ótimas para quando a pessoa se sente "num beco sem saída". Lembre-se delas.

Esta visualização tem uma carga de ensinamentos muito maior do que aquela que a sonhadora poderia aproveitar no momento. É sempre assim. Este é outro motivo porque anotar é tão importante. Em outro momento pode-se relê-la e descobrir coisas que naquele primeiro momento não havia sido possível descobrir.

O primeiro parágrafo da visualização demonstra bem como ela foi se envolvendo e revivendo seu sonho. Também mostra como seu inconsciente já vai dando "outras cores" ao sonho, acrescentando elementos à visualização.

É sempre importante observar os sinais que existem na visualização pois estes servem para nos orientar. Por exemplo: se o céu fica claro ou escuro. No caso desta visualização é óbvio ser um bom sinal o fato do céu ficar claro. A habilidade em perceber estes sinais é adquirida com o treino continuado.

 

 

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